quarta-feira, 24 de junho de 2015

Na autonomia do povo, o poder popular

Está online o livro "Na autonomia do povo, o poder popular"do coletivo campineiro Universidade Popular que contribui com algumas ilustrações e com a revisão. Para ler o livro entre AQUI

Alguns desenhos que fiz:



A capa do livro ( criação coletiva do Universidade Popular):

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Minha candidata para próxima eleição (I e II)



chapado na madruga

que locura que é ser humano
que locura
ser sólido
poder cair
machucar
ocupar um LUGAR no espaço
poder enterrar a mão numa lata
quebrar um vidro
quebrar uma cara
enterrar a mão numa cara
não ser ar
não ser fumaça
não ser nada
ser um serumano
coisa
que tem peso
cai
machuca
ocupa lugar
pode morrer
e pode matar outra pessoa

sábado, 13 de junho de 2015

bicho

bicho come
bicho bebe
bicho caga
bicho vai na escola
bicho trabalha
mas bicho continuaria sendo bicho sem ir na escola e sem trabalhar
só comendo
bebendo 
e cagando

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Manguinhos tem fome de direitos

Vejam AQUI a cartilha MANGUINHOS TEM FOME DE DIREITOS que participei com esses dois desenhos(o segundo em parceria com o Batata Sem Umbigo):


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Lei seca de 2044

O ano é dois mil e quarenta e quatro. Instituíram a Lei Seca no Brasil. O consumo de álcool está proibido. Mas as fábricas da Ambev e da Kaiser/Heineken continuam produzindo cervejas a todo vapor. As fábricas de cachaça também. Ypioca, 51, Velho Barreiro, Pitu.

A polícia só da batida nos botecos da periferia.

(publicado originalmente no VINIL em 2012)

terça-feira, 9 de junho de 2015

e daí o rg me impediu de viajar

mais um poema de rima pobre(tão pobre que nem rima)

e daí o rg me impediu de viajar
não sou ninguém
sou a porra dum papelzinho verde
num valho nada
e nem achei que valia muito
mas achei que podia estar com ela hoje
mas não posso
por causa do papel
verde
com foto
assinatura
e o caralho
e eu só queria tá com ela
mas ela tá a 140km daqui
e sem rg não pode
gueto?
gueto?
caraio!
putaqueupraiu
pra tudo tem que tê papel
num pode nem mais gozar hoje em dia

sábado, 6 de junho de 2015

os bichos que tão poraí: nos bares, nas falas, nos desenhos, nas poesias, na internet, nas cadeias e nas ruas

o canário já nasceu na gaiola

e ficou na gaiola o tempo todo

bem alimentado bem tratado bem izibido

na gaiola



o tebas cuidou bem do canário

e um monte de gente cagou regra pra ele

solta a porra do coitado do bichinho

mas se ele sair ele morre, disse o tebas

eu disse: um dia de liberdade do canário memo ele morrendo vai ser ducaralho bem melhor que ser preso uma vida toda

uma frase cheia de comparações esdrúxulas

o tempo é relativo

melhor e pior são atributos estranhos que estamos sempre usando como se tudo estivesse num torneio



já o gato da didi saía a hora que queria

e ela amava o gato dela

e ela fez um poema lindo sobre amor e liberdade e usou o gato

pessoas presas ao feicibuqui

condenaram a didi por essa atitude irresponsável de querer o outro livre



eu já estive encarcerado

voluntariamente prestei concurso pruma cadeia pública chamada repartição

não sou canário nem gato nem sei o que é ser

não sou de nenhuma associação protetora de porra nenhuma

não sou pai nem mãe



pretinho aqui da rua é um cão que vive solto numa rua em que todos os outros cães estão presos

os outros cães sempre latem quando eu passo na frente da casa de seus donos

(e de pensar que talvez nem donos das casas eles sejam, já que nessa rua tanta gente paga aluguel)

eu não gosto desses cães que latem

eu gosto do pretinho



sexta-feira, 5 de junho de 2015

a revolução não foi televisionada

mais um poema de rima pobre

foi uma semana das mais vivas
foi uma semana das mais duras 
foi uma semana bem feliz
ocupamos todas as terras improdutivas
ocupamos todas as monoculturas
ocupamos até a fazenda de orgânicos do pedro paulo diniz